quinta-feira, 2 de julho de 2009

REAPRENDENDO A AMAR !‏

REAPRENDENDO A AMAR!‏



Nós nunca amamos uma pessoa pelo o que ela realmente é. Amamos alguém pelo aquilo que ela representa para nós. Isso rege todas as relações afectivas humanas. Um filho vai ser sempre um filho. A mãe sempre irá apoiá-lo, mesmo que seu filho seja um assassino, um violador, ela irá levar uma marmita para ele na prisão sempre que puder. Ninguém deixa de ser filho.



Quando uma mulher diz amar seu namorado, não está mentindo, ela realmente ama seu namorado. Mas é como se ela amasse a personagem, e não o actor. Após o fim do namoro, você continua a mesma pessoa, os mesmos defeitos, as mesmas qualidades, mas agora você não é mais o namorado. Seu papel mudou. Agora você é o ex. O cargo de protagonista deverá ser ocupado por outra pessoa, e muitos se ofenderam, "como ela é capaz de trocar de namorado tão depressa." Mas ela nunca trocou de namorado. Apenas trocou de actor. Seu imaginário de como é e como deve agir um namorado é o mesmo, e é exactamente isso o que irá reagir as comparações e o possível êxito do namoro. As pessoas não mudam. Temos a impressão de vê-las mudando, porque alteramos o papel que ela representava em nossas vidas. É como andar para trás e ver uma pessoa ficando pequena a medida que caminhamos.



Na psicanálise, é comum ouvimos a expressão "ato falho", quando alguém diz uma palavra querendo dizer outra, acidentalmente. É comum no início de um relacionamento, alguém chamar o novo parceiro pelo nome do antigo. Isso normalmente gera um mal-estar terrível, e é visto como um péssimo sinal. Pelo contrário, é um óptimo sinal. Significa que você está assumindo o papel ocupado por outra pessoa: ela está aprendendo a te amar e te ver como um namorado. O cérebro ainda está se acostumando com a troca de actores, assim como demoramos um pouco para associar o papel de 007 com o rosto de Daniel Craig, e não com o de Pierce Brosnan.

O que essa percepção altera em nosso modo de ver o mundo? Passamos a ser mais tolerantes com as atitudes alheias, a criar menos expectativas fantasiosas. Precisamos desaprender o que a Disney nos ensinou durante toda nossa infância, recriar toda nossa percepção do que é o amor. O amor pela pessoa em si seria um amor eterno, e por isso mesmo, irreal. Devemos aceitar que o amor vai e ver, e o papel de parceiro amoroso será desempenhado por vários actores durante nossa vida e na vida dos outros, por mais doloroso que isso possa ser às vezes.



Retirado do site The Bon's

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